Esta orquídea delicada é de fácil cultivo desde que se tenha alguns cuidados em atenção. Comprei-a há uns três anos e foi-me fornecida num vaso todo perfurado do género dos que se usam nos lagos com as plantas aquáticas. Dentro do vaso tinha casca de pinheiro e pedrinha. Verifiquei que o substrato secava muito depressa e a Tolumnia não se desenvolvia bem. Coloquei um outro vaso de plástico por fora, onde coloquei esfagno a envolver o vaso perfurado e o vaso foi posto no local da estufa quente onde apanha mais sol. Quando me refiro a sol, refiro-me ao da manhã cedo e ao da fim da tarde. No local que está apanha a rega dos vaporizadores das orquídeas montadas logo pela manhã e nos dias quentes volta a ser regada ao meio da tarde. Todas as outras Tolumnias que tinha noutros locais estavam a ficar com mau aspeto. Agora estão todas juntas e estão a recuperar. Um orquidófilo tem que estar atento ao desenvolvimento das suas orquídeas. Se notam que uma está parada ou mesmo que está a enfraquecer, deve-se mudar de local até encontrar o sítio ideal para ela ser cultivada.
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Há nos hortos portugueses uma grande confusão entre Miltonia e Miltoniopsis, não por culpa deles mas dos seus fornecedores que chamam de Miltonia todas as Miltoniopsis. Estas últimas fazem lembrar uns amores perfeitos grandes, têm variações de cores muito interessantes e são de um modo geral muito perfumadas. São orquídeas de cultivo um pouco difícil. A Miltonia, que se distribui mais pelo Brasil, requer um clima mais quente do que a Miltoniopsis, estas também se distinguem da Miltonia porque têm pseudobolbos com uma única folha não duas, e os pseudobolbos estão agregados e não separados ao longo de um rizoma. Também há diferença na morfologia das flores. Embora as Miltonias tenham de ser adquiridas em fornecedores estrangeiros, vale a pena fazê-lo, pois desenvolvem-se muito bem e são de fácil cultivo. Elas também se desenvolvem em estufa temperada, mas dão muito mais rapidamente flor se estiverem numa quente. Tanto podem ser cultivadas em vaso com substrato para epífitas como montadas em cortiça. Gostam de ser bem regadas, deixando secar entre duas regas. Esta já está numa fase final desta floração, mas dá para ver a cor exuberante desta espécie, o que não aconteceu com as fotos que apresentei antes destas. O seu perfume é também bem diferente do da oculata. É mais suave, a meu ver mais agradável. Cheira a perfume de qualidade de uma perfumaria. Todas estas flores duram no máximo uma semana, mas normalmente menos. Como cada orquídea dá diversas hastes florais, podemos ter flores durante bastante tempo, pois normalmente não abrem todas ao mesmo tempo. Esta espécie não costuma dar tantas flores numa haste floral como a oculata, que costuma por vezes a ter 7/8 flores. A Stanhopea é um dos géneros de orquidáceas mais interessantes. Algumas das suas espécies têm as flores maiores e mais pesadas dentro desta família. É muito difícil distinguir as diferentes espécies sem se ver as flores, pois os seus pseudobolbos e folhas são todas semelhantes. Hoje há cerca de 220 espécies e 100 híbridos artificiais. Ela começou a ser descrita em 1829 nos Jardins Botânicos de Kew. Foi Earl Stamhope que originou o nome deste género. Na natureza não se encontra exemplares tão grandes como nas coleções, pois são destruídos pelas intempéries e pelos animais. Como já foi referido, esta orquídea gosta muito de estar sempre húmida. Se não estiver é a causa do aparecimento de pintas pretas nas folhas. Isto também acontece com as Gôngoras. A melhor altura para o seu transplante é imediatamente a seguir à floração, pois já não há o perigo de se ferir algum botão, e como este género está em crescimento contínuo, não quebramos a regra de mudar durante o período vegetativo. O substrato não deve ter mais de 12cm de altura para que a flor consiga surgir no fundo. Assim como os Catasetums, este género gosta de ser cultivado com calor. Para este tipo de orquídea pode-se usar o que se chama de cultivo pet, ou seja utiliza-se um recipiente sem furos no fundo, mas furado lateralmente a 7 cm do fundo. Essa parte do recipiente enche-se com pedrinha, depois coloca-se um pouco do substrato para epífitas, os pseudobolbos e preenche-se o resto com substrato. Tem que se ter o cuidado que o pseudobolbo fique só um terço enterrado. Quando se rega fica água acumulada no fundo do recipiente, onde as raízes da orquídea se vão alimentar. Depois da floração deve-se regar até as folhas caírem. Aí para-se com a rega e coloca-se o "vaso" num local onde não apanhe água. Tem que se ter o cuidado de observar se os pseudobolbos começam a ficar mirrados, nesse caso deve-se humedecer ligeiramente o substrato para que os pseudobolbos não fiquem secos demais, senão podem ter dificuldade em recuperar. Logo que surja um rebento, começa-se a regar normalmente. A partir desta altura o substrato não deve secar e deve-se também adubar pelo menos de 15 em 15 dias, mas pode ser todos os 8 dias. É muito benéfico ter plantas carnívoras nas nossas estufas, evitando assim usar o mínimo de inseticidas possível. As Nepenthes comem todos os insetos voadores que surgem numa estufa. Gosta de muita luz e sol mesmo direto. Quando as minhas não apanhavam sol não davam os copos que devoram os insetos. Agora encontrei o lugar certo para elas e estão a desenvolver-se lindamente. Gostam de ter o substrato sempre molhado. A sua propagação é muito fácil. Reproduz-se por cortes, que se podem mergulhar em hormonas de enraizamento antes de os colocar no substrato. A Pinquicula tem o aspeto de uma alface pequena e é ótima para as mosquinhas pretas que pousam nas suas folhas e ficam lá coladas. Tem uma flor azul muito bonita. O seu substrato à base de esfagno e turfa tem de estar sempre encharcado. Propaga-se muito facilmente, colocando uma folha no substrato e logo irão aparecer pequenas plantas agarradas, como se costuma fazer com as Saintpaulias (violetas africanas). Estas e outras plantas carnívoras devem viver em comunidade com as orquídeas para evitar que elas tenham insetos nefastos. Estou a cultivar todas as Gongoras na estufa temperada mas, como elas crescem muito e já tenho de as passar para suportes de arame, como as Stanhopeas, estou a experimentar cultivá-las cá fora, mas de momento ainda debaixo de um alpendre virado a sul. Comecei só com uma bem grande. A princípio não reagiu bem, talvez ao frio das noites de Inverno, mas agora está com muitas crescenças novas. Flor ainda não deu, enquanto que as que estão na estufa temperada estão todas com hastes florais. Durante o Inverno, as folhas ficaram com bastantes pintas negras, que deduzi que fosse do frio, mas agora penso que seria da falta de água. As Gongoras como as Stanhopeas e as Cirrhaeas não devem ter o substrato seco. Deve-se aguardar entre duas regas para que o substrato esteja menos molhado, mas nunca ressequido. O substrato escolhido deve portanto reter humidade, pode mesmo ter um pouco de esfagno. Já me aconteceu de uma Gongora ter ficado depauperada e ter perdido todas as suas folhas. Coloquei-a na estufa quente e devagarinho recuperou e está cheia de folhas, o mesmo aconteceu uma vez com uma Stanhopea, relativamente jovem que não gostou de passar o Inverno no jardim. Depois de uns meses na estufa quente voltou a ter novas folhas. É sempre bom termos um local onde a temperatura seja sempre a cima dos 16/18 ºC para recuperação de orquídeas que gostam de um certo calor ou para orquídeas jovens. Quase todas as orquídeas se podem adaptar ao ambiente de um jardim, desde que não tenha geada, mas a orquídea tem de ser adulta e estar forte. Este é o primeiro exemplar a abrir algumas das suas flores. Ele tem três hastes, o que já dá um efeito majestoso, podemos imaginar um outro exemplar também de uma oculata que tem 7 hastes ainda fechadas. As Stanhopeas são de cultivo muito fácil, desenvolvem-se muito rapidamente e são muito perfumadas. Para que elas floresçam o essencial é que as suas raízes nunca estejam secas. Mesmo no Inverno não devemos deixar secar o substrato, pois irá causar a morte das suas raízes. Elas são oriundas da América Central de florestas húmidas de baixa ou média altitude. A temperatura mínima aconselhável é de 12 ºC mas, por experiência própria, as minhas são cultivadas no jardim, exceto a candida que é do Amazonas e gosta de mais calor, chegam a suportar em alguns dias 7 ou menos graus. Geada não têm e durante o dia apanham o sol de sul o que as restabelece. |
AutoraGraziela Meister, Presidente da Associação Portuguesa de Orquidofilia (Lusorquideas) Arquivo
Março 2020
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